Posicionamento do MpD sobre os critérios político-partidários utilizados na CM de São Domingos para implementar políticas sociais

Monday, February 13, 2023

Caros Jornalistas, convocamos esta conferência de imprensa  para denunciar uma prática que ofende os princípios fundantes deste país, desvia o estado da sua função primaria  e compromete os mais básicos direitos das pessoas: a  igualdade de oportunidade e de tratamento. 

O MpD, em São Domingos, tomou conhecimento de declarações de um vereador da atual equipa da Câmara  Municipal, onde este assume que o critério de seleção de  famílias para a reabilitação de tetos, construção de casas de  banhos e outros apoios sociais deve ser o cartão de militante 

do PAICV.  

Pela gravidade da situação somos obrigados a denunciar esta  prática por ofender os mais básicos princípios constitucionais, como o estabelecido no nº 2 do art.º 1º da constituição que “reconhece a igualdade de todos os  cidadãos perante a lei, sem distinção de origem social ou  situação económica, raça, sexo, religião, convicções políticas 

ou ideológicas”, portanto o estado, neste caso, o município e  os seus dirigentes, têm uma obrigação constitucional de não  descriminar as pessoas em função das suas opções politicas  ou ideológicas. 

Ademais, como estabelecido na alínea e) do artigo 7º - Tarefas do Estado – uma das funções básicas do estado é  "Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo cabo verdiano, designadamente dos mais carenciados, e remover  progressivamente os obstáculos de natureza económica,  social, cultural e política que impedem a real igualdade de  oportunidades entre os cidadãos”. 

Assim: 

1- O MpD repudia, com veemência, tais práticas  administrativas na gestão pública, particularmente, dos  atuais dirigentes da CMSD que, mais uma vez, confundem  o partido com a autarquia que, aliás, está transformada  no centro de emprego para os camaradas; 

2- Instamos o governo a estar vigilante e a fiscalizar a seleção de beneficiários dos projetos de contratos programas,  sem prejuízo para a autonomia das Autarquias Locais. É  imperativo, que todos os apoios cheguem a quem  realmente necessita, sem exceção.

Estes fatos servem como confirmação de várias queixas de  situações de discriminação dos munícipes e perseguição  praticadas pela equipa camarária, nos fazendo lembrar de  um passado muito recente, onde os recursos públicos foram  geridos sem transparência, num quadro de partidarização das instituições e de condicionamento das pessoas. 

É vergonhoso, que a CMSD esteja a retomar tais práticas,  exigir que os beneficiários sejam afetos ao PAICV, numa clara  divisão entre os munícipes de primeira – os camaradas, e os  munícipes de segunda, os não camaradas. Isso é um atentado  à Democracia e uma ofensa aos mais básicos valores cristãos  que os sãodominguenses professam. 

O governo de Cabo Verde através do Decreto-Regulamentar  nº 7/2018, de 20 de setembro de 2018, criou o Cadastro  Social, precisamente para regular a política social,  introduzindo transparência, justiça e eficácia. Com o cadastro  social garantimos que quem realmente precisa é o  beneficiado, pois a pobreza extrema não tem cor política. 

A equipa da Câmara Municipal São Domingos tem a  obrigação de gerir com rigor, transparência, imparcialidade e  justiça, todos os recursos, principalmente, os colocados à sua  disposição pelo Governo de Cabo Verde.  

Face a isto, o MpD vai estar vigilante, agora, mais do que  nunca, a situações de injustiça, descriminação e ilegalidade,  e os sãodominguenses podem ter certeza que vamos cumprir  com a função de fiscalização que o povo nos delegou. 

A CMSD é uma instituição pública e não uma propriedade  privada do PAICV e dos camaradas. 

Muito obrigado! 

Hipólito Emanuel Gonçalves